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24/08/2011

Série Calu: Parte 2

Quando vejo uma estranha fugindo.
Eu caminhava em direção à escola, com o som no último volume e a maior cara de desanimo do mundo. Era terça-feira, e eu tinha um trabalho de filosofia para apresentar. Era o único da turma que havia realmente entendido todas aquelas loucuras faladas por um cara mais louco ainda, que no fim das contas até fazia algum sentido. Mas minha nota em geografia estava um horror. Eu não gostava dos temas abordados por esta matéria, então nem se quer copiava. E no fim do bimestre vinha recuperação, noites estudando e muitos sermões.

  Saí de casa sem que me vissem, por que não queria ouvir mais nenhuma reclamação. Não que eu fosse um irresponsável, mas eu queria viver um dia sem ser cobrado. Pensava em minha situação, até avistar uma cena intrigável. Uma garota, um tanto bela, pulara a janela do que parecia seu quarto e correu em direção leste, enquanto sua mãe gritava na janela para voltar, e seu pai acelerava a moto ao máximo.

  A mulher elegante em trajes brancos, pegou o telefone irritadíssima no mesmo momento que seu marido dobrava na esquina oposta a qual a menina refugiara-se. Como morava ali há muito tempo, sabia onde ela estava, e fui apressado para o beco do jardineiro.

  O beco era chamado assim devido ser um local onde algumas senhoras cultivavam plantas e árvores. Muitas vezes, ia ali para ler ou para me encontrar com alguma menina. Todas gostavam e com certeza com ela não seria diferente. Bem, como eu disse...

  Ela estava sentada num banquinho branco com um estilo mais antigo, ao lado de uma pequena árvore florida, a qual balançava os galhos com as mãos. Tinha uma expressão de revolta, indignação. Seus cabelos escuros escorriam por sua face e contrastavam com o tom de sua pele. Seu coturno enlamaçado sujava as folhas secas ao redor, e seu estado não combinava nem um pouco com o clima tranquilo do lugar.

  Quando seus olhos encontraram os meus, pareceu assustar-se e, sem graça, ajeitou as mechas atrás da orelha. Um pouco cauteloso, sentei ao seu lado e falei:
  ― Oi, er, bem, meu nome é Lucas. E você, quem é?
  ― Catharina ― disse, baixinho.
  ― Ah, prazer. Bem, eu vim atrás de você por que...
  ― Espere, você viu o que aconteceu? ― arregalou os olhos.
  ― Sim, mas se acalme. Eu não vou contar para ninguém.
  ― Como posso ter certeza?
  ― Confie em mim. Eu vim aqui para te ajudar, não irei te envergonhar.
  Fitou-me por um momento, suspirou e sorriu.
  ― Tudo bem, desculpe-me por duvidar.
  ― Sem problema, eu compreendo. Também suspeitaria se um estranho falasse assim comigo.
  ― Ih, acho que você está se contradizendo.
  ― Haha, você entendeu.
  ― Talvez, mas, por que veio atrás de mim? De verdade.
  ― Bem, eu fiquei preocupado. Aquela situação poderia piorar se você ficasse sozinha, não?
  ― Não sei. Acho que está tão ruim que não tem como piorar. Mas obrigado por vir.
  ― Sério? Eu pensei que você iria me expulsar a gritos, mas mesmo assim me arrisquei.
  ― Te expulsar? Só por que pareço uma adolescente isolada e revoltada?
  ― Tirando o isolada, não é?
  ― Rsrsrs, só um pouquinho. É a primeira vez que fujo assim. Mas estou arrependidíssima.
  ― Então você também está mais para certinha do que toda errada. É, nunca mais farei conclusões durante uma primeira observação.
  Ela riu. Um riso contagiante, que me fez querer conhecê-la mais.
  ― Bem, eu sempre fui uma boa menina. Mas desde que minha mãe casou com o Carlito, tudo tem sido mais difícil.
  ― Ham, então o motoqueiro careca não é seu pai.
  ― Não mesmo !

 E dali nasceu uma amizade.

2 comentários:

Raphaela Rodrigues disse...

aah maneiro *--*, quando vai ter mais ?

Marcelo Hazuki disse...

Bem, história envolvente, com desfeixos abrilhantados com tons Marxistas, enfatizando assim vários aspectos de vários reinos, claro, Asgard incluído neles. Temos uma leve expressão de Powerrangismo, focando assim o Zordonismo e o ChapolinColoradismo. Mas, analisando pela parte semântica do pretérito imperfeito do complexo da teoria da relatividade, acabamos por saber que três pratos de trigo não são para três tigres tristes, sendo assim dona magafafagafa fica sem seus cinco magafafafinhos. Em suma o texto nos alerta sobre um mal do nosso cotidiano atual, aonde sabemos que em terra de olho quem cego madruga é rei.