Linda e autêntica, era assim que Luiza se sentia. não é de admirar pois seus amigos praticamente a idolatravam, e sua família nunca a repreendia. sua opinião era sempre a mais aceitável, quando falava havia ouvidos atentos à sua voz, tinha cabelos castanhos e invejáveis, e dançava esplêndidamente. Era uma ótima bailarina.
Porém nunca se conformou apenas com o ballet e agregou nele outros estilos. Isso a tornou a melhor de sua região e rendeu-lhe grandes oportunidades, como por exemplo, a chance de ser a garota-propaganda de uma loja estimadíssima da sua cidade. Com isso veio também a fama de menina mais desejada pelos garotos, autoritária, personalidade forte e ódio por contrariações a seu respeito.
Com tanta popularidade, criou-se uma Luiza soberba, ignorante, exigente, odiada. Não que fosse uma pessoa ruim, mas essas características fizeram muitas pessoas optarem por distancia. Nos últimos tempos, ela não tinha muitas companhias a não ser duas amigas de infância e o namorado. Contudo ela não se importava pois só focava no festival de dança que estava tão próximo. Todo ano acontecia em seu município, reunindo pessoas do país inteiro e grandes nomes do ballet. Então ensaiava incansavelmente e abandonou tudo para realizar seu sonho. Sabia que poderia perder de ano, afastar-se da família e amigos e não desfrutar de uma fase tão bela e intensa. Porém decidiu abrir mão do que fosse e não se importar. Mas ele se importava.
Dennis sabia muito bem como ela se sentia. Apesar de novo, era maduro e conhecedor do comportamento humano e tinha certeza que tudo aquilo não passava de uma armadura. Para ele, Luiza usava mais uma vez seu refúgio para fingir que estava segura, feliz, bem. E isso prejudicava não só a ela, mas a ele também. A distancia que estabelecia-se nesse relacionamento aproximava o fim de um namoro de quase um ano.
Depois de quinze dias sem ser ver, o jovem casal encontrou-se para assistir um filme e lanchar. Enquanto comiam uma pizza calabresa acompanhado de um guaraná bem gelado, ela falava sobre os ensaios, as roupas que usaria, as pessoas que estariam lá e ele apenas a ouvia. No caminhar da prosa, ele comentou sobre sua ausência na escola e na sua vida. Disse-lhe que a sentia muito insegura, sozinha e esquecida de seus sentimentos.
― Dennis, você sabe que não estou distante. É apenas uma agenda lotada.
― Não, você tem se distanciado até mesmo do seu ser. Não é mais a mesma de antes
― Continuo a mesma garota que você conhece.
― Não, a Luiza que eu conheço é meiga, atenciosa, amiga, batalhadora. E não uma garotinha covarde que se esconde atrás de uma postura inipotente para proteger-se de situações e inimigos que não existem.
― Ah, agora sou covarde, bruta e louca!
― Não disse que...
― Disse, sim! Disse que invento coisas que não existem, que me comporto de forma inadequada.
― Meu amor, só estou te alertando que isso te fará mal.
― Não, você não entende. E ainda por cima tem a mesma opinião que os outros. Acha estou errada em batalhar pelo meu sonho. Acha que não tenho chances. Sendo que é óbvia a capacidade que tenho. E por isso sou invejada até mesmo por você.
― O que? Disse que te invejo? Você não percebe o quanto está insuportável te ver assim, ambiciosa, soberba, infeliz. Não vê que quero te ajudar.
― Me ajudar em que? Não preciso de você, nem de seus conselhos e comentários. Já basta as críticas que ouço e as fofocas que fazem a meu respeito. Já basta você ter me ferido.
― Não quis te machucar, apenas abrir teus olhos.
― Você já abriu me mostrando que não posso confiar em ti.
― Luiza, deixe de ser orgulhosa e entenda...
― Esquece! Eu vou embora.
― Não vá! Vamos andar um pouco, esfriar a cabeça, há muito tempo a gente não namora...
― Realmente, há muito tempo esse namoro já acabou.
Virou as costas e saiu. E uma lágrima escorreu.
Rayana V!
2 comentários:
uaaaaal .. *-* amei :D'
hihi, acho que você também vai gostar do final =)
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