Páginas

06/12/2011

Solidão e Carência


Nunca entendi o que era a solidão. Muito menos a carência. Sabia que eram sentimentos, coisas inefáveis, que fazem almas suspirarem, mas nunca conheci suas essências. Entretanto o tempo passou, eu cresci, minha vida mudou, minha mente se abriu e também meu coração. Conheci pessoas, fiz amigos, vivi romances, desprezei paixões. Passei por meus dias com intensa alegria e relembro disso com carinho.

  No entanto, em algum momento, tudo pareceu estagnar. O sorriso virou pranto, a lealdade virou distância, a lágrima virou mudança, o desespero virou calma, e tudo se normalizou. E este equilíbrio, tão desejado por muitos que passam por problemas cotidianos, este tão empatizado, foi o motivo de minha tristeza.

  A falta de sabedoria impossibilitou-me de ver que a ausência de grandes emoções era apenas um descanso para minha cabeça cheia de sonhos. Deixei-me levar pelo meu drama, esqueci das grandes renovações, e conheci durante meu período antissocial/amigos/eu mesma a Carência e a Solidão.

 Tão próximas, tão parecidas, tão tenebrosas. Carência era mais amena, pois seus efeitos muitas vezes parecem desprezíveis até mesmo por quem os sentem. Uma falta aqui, outra ali, lembranças constantes de pessoas que te fizeram sorrir, a falta de quem amou, a saudade do que nunca viveu. Solidão era mais rígida, impiedosa. Ela fazia tudo silenciar-se em momentos que mais necessita-se de vozes, sentir-se só em meio à multidão, trazia um vazio para dentro de mim, a covardia quanto a reconquistar todos que perdi, o tédio... E só quem passa por elas, entende o quanto é triste suportá-las.

  Mas, num determinado momento, percebo que isso nunca me levará a nada. Deito na minha cama e choro, e resolvo me livrar desse sofrer. Não é fácil, é uma guerra. A noite é fria para mim. No entanto, ao amanhecer, o sol aquece meu coração, e minha alma alivia-se, enfim. O amor mostra-se superior a tudo que vivi, e sorrio delicadamente para meu liberto ser.


 

Nenhum comentário: