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26/03/2012

Sentir-te mais sofrer.



 Sentada estou em minha poltrona, esperando a chuva passar. As gotas frias que ensopam a rua correm ao encontro de seu final lá no horizonte. Lá onde estás. Bem distante.

  Sei que sonhou novamente com o que amedronta-lhe, sei que gritou e chorou incessantemente e digitou no aparelho mais próximo o número que sabe de có. A secretária eletrônica, a voz que apavora os de coração aflito, guardou sua mensagem. Apelo, ânsia, lágrimas, precisava de ajuda. De minha ajuda.

  Eu, envolvida num sistema que engloba todo o planeta e o obriga a fortificá-lo e servi-lo sem relutâncias, fui impedida de ouvir seus gritos de socorro instantaneamente.Desesperei-me também. Arrumei minhas malas e parti para onde num passado tão presente havia fugido.

  São nesses momentos que tudo desanda: o carro estraga, o passaporte some, os ônibus lotam, seu telefone pifa e a viagem dança! E são nesses momentos que percebemos o que não queríamos notar.

  Nenhum sentimento é breve, nem tampouco pode ser escondido. E nenhum romance é tão vago como nossa insistência em deixá-lo de lado. Tudo um dia tem de ser resolvido. Acho que é a nossa vez de escolher o caminho dessa excepção.

  Sempre fui melhor com palavras e não sinto-me preparada para te ver. Por isso escrevo essas linhas breves e também para não sentir-te mais sofrer. Meu amor, sei que a chuva lá de fora não é maior que a tempestade dentro de nós. Mas não aflija-se, veja mais além, o céu clareia ao leste. As lágrimas pararão de cair. O sol brilha timidamente não muito longe enquanto a  noite se vai. E eu serei o primeiro raio de luz de seu amanhecer.

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